O Terra Patris e a Sustentabilidade

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Sabemos que hoje em dia o tema "sustentabilidade" está em alta: todo mundo comenta sobre, discute sobre, quer ter seu negócio associado à ela. Mas, o que é a tal da sustentabilidade? Googleando, a melhor definição que encontrei foi:

Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. Seguindo estes parâmetros, a humanidade pode garantir o desenvolvimento sustentável.” (1)

Claro que a sustentabilidade é resposabilidade de todos, portanto devemos fazer a nossa parte como indivídos em prol do coletivo.

Bom, e como a gente faz pra ajudar?

Primeiro, somos da turma que pensa que, se cada um fizer a sua parte, por menor que seja, já ajuda e muito! Chega desse pensamento que anula uma atitude positiva com outra negativa. O mundo chegou num ponto que, só de você não jogar um papel de chiclete na rua, já é um passo. Porque, depois que você começa a se policiar em uma atitude, as demais atitudes vão começar a ser repensadas na sequência. Então, comece, mesmo que você considere um pequeno passo hoje, amanhã com certeza sua ajuda será maior.

Depois de muito pensarmos em como tornar a pousada mais sustentável, chegamos à conclusão que seria desse jeito: começaríamos com pequenas atitudes, identificando as possibilidades de melhoria ao longo do tempo e agindo constantemente para evoluir cada dia mais.

E como aplicamos isso no Terra Patris?

Na construção

Esse pensamento já estava enraizado na gente desde a época da construção. Como já comentei em um post aqui, os materiais disponíveis no mercado local são escassos, desde o mais básico (tipos de tijolos, por exemplo) até itens que seriam cruciais no acabamento da pousada (como pias e azulejos). Na época, pensamos primeiro em recorrer à Fortaleza, capital onde encontraríamos mais lojas de construção e consequentemente, mais opções de materiais.

Após analisar alguns custos e tempos envolvidos (teríamos que viajar até lá, nos hospedar, conseguir um frete, etc) chegamos à conclusão que investir no mercado local vale muito mais a pena. Não só pela questão da sustentabilidade (que prega que devemos valorizar o mercado local, já que fazemos parte dele), mas pela questão financeira e prática. Imagina se quebra uma pia (conforme já predizia nosso querido Murphy em sua lei) e você não tem uma extra? Vai ter que voltar a Fortaleza, buscar a pia pra não descombinar com o resto! E, cá entre nós, imprevistos acontecem e muito.

Nosso lavabo por exemplo. Resolvemos construir o lavabo da cozinha com duas semanas para terminar a obra. Ou seja, só pelo lavabo, já valeu o gesto sustentável de incentivar o mercado local. Não estava no nosso plano inicial, mas foi necessário com o decorrer do projeto. Mais um ponto positivo pra uma atitude sustentável!

 A decoração

Na mesma linha de compra no mercado local, utilizamos artesanato local na decoração da pousada. E nem tinha como ser diferente: o artesanato do Piauí é riquíssimo e é feito com uma diversidade de materiais encontrados na região, como a palha de carnaúba (a mesma que forra nossos telhados), a taboa, o cipó de leite, a palha de buriti... Tudo natural e muito rústico, a cara da nossa pousada. Também utilizamos cerâmica com inscrições rupestres da Serra da Capivara, outro destaque do artesanato no Piauí. (Aliás, tem muitos outros lugares incríveis aqui no Piauí, ainda pouco divulgados como destinos turísticos. Mas, isso é assunto pra outro post!)

Os percalços e soluções no meio do caminho

Claro que nem tudo são rosas: uma hora ou outra a gente acaba entrando num dilema sustentável. No nosso caso, que estamos oferecendo um serviço de hospedagem e o que queremos é que os hóspedes se sintam o mais a vontade possível, fica meio difícil sobreviver no meio se a pousada não oferecer ar condicionado nos quartos.

O Piauí é quente, muito quente e tem gente que não consegue ficar sem o ar condicionado. E aí, como faz? Pensamos que para todo impacto possível de ser gerado, temos que tentar ao máximo minimizá-lo.

Então equipamos os quartos com aparelhos de ar condicionado tipo split (mais econômicos) e, como alternativa, fizemos as portas e janelas enormes e com venezianas, que permitem ao hóspede criar um fluxo de vento no quarto, dispensando o uso do ar. Incentivamos o uso dos breezes, mas cada um usa conforme o seu conforto e consciência.

O mesmo aconteceu com a escolha do chuveiro, já que fazia parte do plano oferecer banho quente aos hóspedes. Pensamos em alternativas ao tradicional, como aquecimento solar ou a gás, que não se mostraram vantajosos para nosso modelo (as placas solares não podem ficar sob o telhado de carnaúba e o gás nos traria um problema de abastecimento e ainda é uma fonte não renonável de energia). Acabamos escolhendo o chuveiro elétrico, mas optamos por um modelo com três temperaturas, que permite que o banho quente seja mais econômico. Além disso, posicionamos nossa caixa d’água em um local onde bate sol quase o dia todo, colaborando para obtermos uma água mais quentinha, mesmo sem ligar o chuveiro.

 

Outras pequenas atitudes que ajudam a convivermos melhor com o planeta:

 

  • Praticamos a compostagem dos resíduos orgânicos gerados por nós e pela pousada e a reutilizamos em nossa pequena horta e jardim. Ao invés de ir pro lixo comum (aqui não tem coleta seletiva), ainda reaproveitamos os resíduos e deixamos nosso jardim mais bonito.
  • Utilizamos somente lâmpadas econômicas (de luz amarela) ou LED. À noite, a pousada fica iluminada na medida certa e ainda consome menos energia, sem falar na maior durabilidade em comparação às lâmpadas.
  • A construção foi realizada apenas com mão de obra local.
  • Priorizamos os materiais existentes no mercado local e os de menor impacto para o meio ambiente, como tinta a base d’água.
  • Todos os vasos sanitários possuem acionamento duplo, economizando água.
  • Não utilizamos embalagens individuais no café da manhã: oferecemos um café da manhã estilobuffet, onde cada um se serve na bancada da cozinha, dispensando o uso de mais embalagens.
  • Também não utilizamos embalagens individuais no banheiro dos quartos: o sabonete líquido é reabastecido em uma saboneteira, assim como as demais amenities.
  • Todos os sacos de lixo utilizados na pousada são do tipo oxi-biodegradável.
  • Utilizamos papel reciclado em nossas mídias impressas (folders, cartões de visita).
  • Possuímos uma pequena loja onde vendemos artesanato de fabricação própria e de moradores da comunidade.

 Mas sempre dá pra melhorar. Já estamos trabalhando para implantar um sistema economizador de energia nos quartos (com acionamento por chave magnética) e um programa de reuso ecológico de toalhas  e roupas de cama (aumentar o tempo de troca, sempre respeitando a necessidade do hóspede), formalizar nossa política de sustentabilidade e ampliar nossa horta. Quem sabe a gente não consegue até uma certificação nesse quesito?

Para os próximas anos, durante uma possível expansão, já temos projetado um quarto para hospedar portadores de necessidades especiais. E com certeza teremos mais planos e projetos, que vão surgir ao longo da nossa experiência com a pousada.

Inclusive pela implantação de uma caixa de sugestões aos hóspedes. Já praticamos a consulta das opiniões de nossos hóspedes, durante sua estadia e pelo canal Trip Advisor, mas queremos incentivar todos a nos dar boas idéias que podem melhorar a pousada como um todo.

Viu como não é tão difícil? Pequenas atitudes podem mudar a maneira como interagimos com o mundo e a natureza. Por que não começar hoje?

(*) As nossas atitudes sustentáveis já foram repostadas pelo pessoal do Portal Ecohospedagem, você pode acessar nesse link. Muito obrigado!!!

(1)    - Fonte: Site Sua Pesquisa

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