Desde que nos mudamos para o Piauí, tínhamos como objetivo conhecer toda a região de Barra Grande. A correria com a obra e os compromissos com a pousada recém-inaugurada acabaram adiando um pouco o início destas viagens na região. Mas, durante a baixa temporada, conseguimos iniciar o nosso projeto Explora Nordeste!
Há diversas outras opções de praias próximas de Barra Grande, como Luís Correia e Jericoacoara (do estado vizinho Ceará), que conseguimos visitar ainda neste ano, além das tão comentadas lagoas e dunas dos Lençóis Maranhenses, que ficaram para uma próxima oportunidade. Mas, para o primeiro post de uma série (que vai ser meio intercalada com outros posts, pra não cair na mesmice) escolhemos um destino inusitado no meio do calor do Nordeste: a fresquinha Serra da Ibiapaba, norte do Ceará. Porque nem só de praia vive o turismo, não é mesmo?
A Serra da Ibiapaba é uma região montanhosa localizada entre os estados do Ceará e Piauí, a aproximadamente 200km de Barra Grande. O caminho é muito parecido com o de quem vai a Jeri: siga em direção ao Ceará, passando pelas cidades de Chaval, Barroquinha, Camocim e Granja. Em Granja, basta seguir as placas para Viçosa do Ceará e aproveitar a vista maravilhosa da serra que se tem da estrada tranquila. Como não é permitido o tráfego de caminhões, a estrada é uma paisagem a parte. Vale a pena cada parada para um clique ou simplesmente admirar a bela vista.
Descoberta durante a colonização, a serra antes habitada por tribos indígenas hoje abriga a cidade histórica de Viçosa do Ceará, que mantém seu charme com suas construções de época muito bem conservadas. Acabamos somente almoçando em Viçosa, pois nosso destino era subindo a serra, em direção a Tianguá. Mas a cidade também tem seus atrativos, como cachoeiras e trilhas, basta se informar pela cidade.
Distante 30 km de Viçosa, a cidade de Tianguá já oferece uma maior estrutura, devido à proximidade com Sobral. Mas não é isso que é interessante na cidade. Por estar no meio da serra, a cidade possui paisagens e lugares incríveis em meio à natureza intocada. A maior surpresa tivemos ao chegar no Sítio do Bosco, onde nos hospedamos na primeira noite. O local para camping (com barracas e colchões fornecidos pelo próprio sítio) fica em frente à uma das mais belas paisagens da cidade: do alto da serra, é possível enxergar pedras, montanhas e muito verde. O Sítio ainda conta com pista de vôo para asa-delta e parapente, uma caverna (que na verdade é um paredão) e uma piscina natural, além da infra-estrutura de um bar e restaurante. Mas, no final, a melhor pedida foi tomar vinho e comer queijo dentro da barraca, com a vista da noite bem em frente. Ah, sem falar no cobertor, necessário para enfrentar o friozinho que faz à noite!
No dia seguinte, após o café (sim, a diária no camping dá direito a café-da-manhã), seguimos viagem até Ubajara, com intuito de fazer a trilha completa do Parque Nacional da cidade. Depois de apenas 15 km de estrada, chegamos à Ubajara e seguimos as placas, chegando facilmente ao parque. É importante chegar cedo, para conseguir fazer a trilha completa, que passa pelas cachoeiras do Gavião e Gameleira e termina na Gruta de Ubajara (cerca de 8 km de caminhada na mata por 3h30 aproximadamente). A volta é feita pelo teleférico, que custa R$ 4 por pessoa. Quem não quiser se aventurar na trilha completa, pode conhecer a Gruta pelo teleférico ou fazer parte da caminhada, apenas nas cachoeiras. Mas vale muito a pena, qualque que seja o roteiro escolhido. O parque é lindo, as trilhas muito bem sinalizadas e facilitadas, o contato com a natureza é indescritível... Depois, super cansados, paramos para almoçar uma galinhada de capote na Pousada da Gruta, logo na saída do parque. Fomos tão bem recebidos pelo dono, o Sr. Gómez, que resolvemos nos hospedar por lá mesmo. Mais uma noite de friozinho e vinho, desta vez dentro de um quarto bem quentinho!
Na manhã seguinte, um café da manhã maravilhoso com frutas da horta da pousada, café orgânico, melado e tapioca! Perfeito para seguirmos a nossa peregrinação por trilhas e cachoeiras da região. Fomos visitar o Sítio do Alemão, também famoso por suas acomodações rústicas em meio da mata. Uma trilha no meio da mata (com direito a avistar uma família de guaxinins bem de perto!) nos levou a outra vista incrível da serra. Depois do sítio, seguimos até a Cachoeira do Boi Morto, um ponto mais comercial, cheio de barracas e pouca natureza. Até tentamos ir à Cachoeira do Frade, mas por acharmos que seria necessário um guia, acabamos desistindo.
(Aliás, essa é uma dica para quem vai para a Serra da Ibiapaba: tem que perguntar e muito. Não existem agências de turismo e guias não são facilmente encontrados na região. Muita coisa é no boca-a-boca mesmo. Portanto, coragem e lembre-se: quem tem boca vai conhecer a serra!).
Ainda tentamos conhecer o Sítio do Serra Grande Hotel no mesmo dia, mas como as informações estavam muito desencontradas, acabamos voltando pro Sítio do Bosco. Lá passamos nossa última noite, dessa vez em um dos chalés, uma opção muito confortável pra quem não curte a barraca.
Em nosso último dia, acordamos determinados em conhecer mais alguma coisa antes de ir embora. Desta vez contamos com as informações dadas pela Cília, que nos ajudou a chegar no Sítio Serra Grande (que não pertence mais ao mesmo dono do hotel homônimo). Depois de alguns quilômetros na terra, muitas informações e algumas placas, chegamos ao Sítio. Quase demos meia volta ao nos depararmos com os portões fechados. Por sorte, o caseiro do sítio (Seu Antônio) nos viu passar de carro e imaginou que éramos turistas procurando por lá. Muito simpático, nos acompanhou pelas trilhas mais próximas do sítio, até as cachoeiras do Amor e da Floresta e o Mirante do Pôr-do-Sol. Ainda existe uma trilha mais longa, que passa por formações rochosas, mas seria necessário mais tempo. Deixamos para a próxima!
Voltamos renovados para Barra Grande após três dias na Serra... Incrível como respirar um ar diferente faz muito bem! O melhor de tudo é a proximidade de Barra Grande, em menos de 3 horas é possível chegar na Serra da Ibiapaba. Com certeza iremos voltar e recomendar aos nossos hóspedes. Pra quem achava que o Piauí não tinha praia, descobrir um lugar frio e cheio de verde no meio do Nordeste é igualmente incrível. Por que não passar uns dias diferentes na serra?