Palavras que comumente escutamos de quem está envolvido com uma obra: barulho, sujeira, dor de cabeça, desperdício... Imagine juntar todo o caos que uma obra gera com as dificuldades de construir em uma cidade abastecida por apenas um pequeno depósito de material de construção (e outros dois menores ainda) no pequeno litoral do Piauí. É de desanimar mesmo antes de começar a construir!
Com a gente não foi diferente. Tentamos inicialmente fechar a construção da pousada com um construtor, para evitar a dor de cabeça de material. Não deu: menos dor de cabeça também significa abrir mão da escolha de certos materiais e, mesmo assim, desembolsar bem mais. Além de ter que lidar com a demanda do mercado, que foi o que nos tirou do caminho de fechar o contrato com o construtor: excesso de trabalho. Mas, no final, há males que vem para o bem!
Com a falta de opção, tivemos que cair com cara e coragem na nossa primeira obra no Piauí. Fechamos a mão de obra com um mestre de obras local, que tem nos surpreendido diariamente com a sua pro-atividade e conhecimento, além da eficácia do pessoal que trabalha com ele, sempre com rapidez e qualidade. Claro que alguns probleminhas sempre acontecem, como colocar a cor da cerâmica errada no banheiro errado, o piso onde não era para ter piso, mas tudo a gente sempre acaba resolvendo com bom humor.
Já o material... Ah, o material é sempre um desafio! O básico é encontrado por aqui sem dificuldades (tijolo, areia, barro), alguns itens faltam algumas vezes (cimento, lajotas), mas outros materiais (principalmente os de melhor acabamento) não existem por aqui. Torneiras, só as de plástico; cerâmica, só as mais simples; tintas, só a base d’água; e por aí vai. Aí acabamos tendo que recorrer à Parnaíba, que também não conta com grandes lojas de material de construção, nem com opções diversificadas de materiais e muitas vezes nem na quantidade desejada. Então, muitos dos detalhes acabamos decidindo e escolhendo na base “do que tem disponível” e adaptando aos poucos, para que no final o resultado seja do nosso agrado. Mas que é difícil escolher uma pastilha com base no catálogo da loja e na hora da encomenda descobrir que a cor que você quer nunca apareceu no estoque deles... Ou ainda ter que caçar nas lojas cubas de pias iguais ou mais cinco metros quadrados da mesma cerâmica já comprada, mas que faltou pro piso de um dos banheiros... E muitas vezes, sem sucesso! Depois, ainda temos que arrumar um jeito para enviar tudo para Barra Grande, já que muitas vezes as lojas não dispõe de frete para os materiais. Mais uma dor de cabeça!
Cansativo, estressante, frustrante. De tudo isso um pouco. Estes dias, estive em Campinas para resolver alguns assuntos e passei por uma Leroy Merlin (mega-loja de construção de origem francesa). Quando entrei e me deparei com a quantidade e diversidade de pias, pisos, pastilhas e acabamentos, todos na quantidade que você quisesse, entregues no endereço que você quisesse (da região, claro) em menos de uma semana, parcelamentos em até 12 vezes... Na hora tive vontade de estar construindo mais perto de um grande centro. Mas isso não durou nem dois minutos, pois, logo em seguida, já sentia a falta do cheiro do mar, da vida sem sapatos e de tudo o que nos espera com esta construção, mesmo que feita sem todos os detalhes do jeito que gostaríamos. Afinal, estes são apenas detalhes, muito pequenos perto de todo o resto...
No final, vai valer a pena... Ou melhor, já está valendo muito a pena!