Acho que todo mundo já sabe que a nossa família Terra Patris! é composta, além de nós dois, por 4 pets adoráveis: os cães Tom e Lady e os gatos Mio e Chita. Sim, cachorros e gatos! E podem falar o que for, mas aqui na nossa casa bicho faz parte da família sim!
No começo da nossa empreitada como pousadeiros, sentimos uma certa estranheza dos primeiros hóspedes, que não estavam acostumados a chegar em um hotel e serem recebidos calorosamente por um cão enorme e preto (o labrador Tom), uma vira-latinha (Lady) preguiçosa e dois gatos completamente diferentes em temperamento (Mio é o mau humorado e Chita é a que gosta de um carinho). Nem da sua companhia interesseira deles no café da manhã (os cães adoram frutas e qualquer coisa que venha do nosso buffet e os gatos estão sempre dormindo nos arredores). Mas, com o passar do tempo, fomos nos firmando como pousada pet friendly (sim, aceitamos animais!) e hoje podemos dizer que muitas pessoas escolhem ficar aqui na pousada só por causa deles.
Pois toda essa introdução foi para contar uma história linda, que aconteceu a apenas alguns dias, e que me fez reforçar o conceito de família que vivemos com nossos animais.
Foi em um sábado, pousada cheia, que notei que a Chita não havia aparecido durante toda a tarde. Na hora da comida também não. E essa falta dela se estendeu pelo domingo e segunda-feira... Na terça de manhã, já eram 3 noites que ela não aparecia em casa! Começamos a ficar preocupados e, como tinha que ir até Parnaíba, pedi ao seu Carlos (nosso funcionário) que, ao sair com os cachorros, tentasse chamar a Chita pelos terrenos e matas próximos. Sabia que, se ela não aparecesse naquele dia, devíamos começar a acreditar que ela não voltaria mais.
Saí da pousada, torcendo para que ela fosse logo encontrada pelo seu Carlos... Quando voltei, foi ele quem me contou a incrível história da busca pela Chita! Vou contar minha versão, respeitando ao máximo os dizeres dele.
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Após minha saída para Parnaíba, Seu Carlos saiu então em direção à praia, pela rua dos fundos da pousada, a Zé Binú. Apenas 20 metros depois de sair, notou que a Lady estava de orelhas atentas, como se estivesse escutando alguma coisa. Contou ele que ela saiu de repente correndo, passando pelo arame farpado da cerca do terreno e adentrando o enorme terreno de mata fechado (também conhecido aqui como terreno do resort). Seu Carlos na hora desconfiou que ela havia escutado a Chita.
Prendeu o Tom no cercado e foi seguindo o rastro da Lady, que continuava correndo mata adentro. Depois de muito segui-la, diz ele que chegou em um clarão, rodeado de carnaúbas. A Lady continuava chorando e cheirando o chão, como se quisesse dizer que a Chita havia passado por ali.
Foi quando ele escutou um miado, quase um choro, vindo do alto. Olhou para o carnaubal e avistou a Chita, em cima da mais alta árvore da área. Contou ele que ela estava bem próximo ao "olho" da carnaúba, no meio das palhas. Era muito alto e sem uma escada e ajuda ele não conseguiria tirá-la de lá.
Seu Carlos resolveu então voltar para pegar a escada e procurar ajuda. Por acaso se encontrou com o Jorge, que trabalha na pousada de amigos em frente, que já estava sabendo da história de sumiço da Chita. Jorge se prontificou a ajudá-lo e lá foram os dois, agora com um facão para abrir a passagem na mata fechada. Chegando lá, a Chita miava, como que pedindo socorro. Tadinha, quantos dias será que ela ficou ali em cima?
Jorge colocou a escada, mas mesmo chegando no ponto mais alto dela, ainda era impossível chegar até a Chita, que estava se equilibrando no meio da carnaúba. Foi quando seu Carlos sugeriu que colocasse um pedaço de pau próximo ao peito dela, para que ela se agarrasse a ele. Deu certo! Nessa hora, coitada da Chita, de tanto medo que sentia, se urinou toda... Quando percebeu que era o seu Carlos que estava ali para salvá-la, na hora o reconheceu e começou a miar num tom ainda mais desesperado. Contou ele, que nessa hora ele quase chorou, esquecendo totalmente do medo que tem de altura.
Para evitar que ela fugisse de novo, veio com ela no colo até chegar à pousada. Logo na chegada, a recepção calorosa dos outros pets, que foram todos em cima da Chita comemorar sua volta. Até mesmo o Mio, o gato mau humorado, que vivia perseguindo a coitada, deu-lhe uma lambida quando voltou. Quem disse que os bichos não se entendem?
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Uma pena que não estava aqui para presenciar essas cenas de tanto amor entre nossos bichinhos.. Mas só de escutar a satisfação do seu Carlos em ter encontrado e trazido a Chita de volta pra casa... Não tem preço!
Obrigado seu Carlos por trazer a Chita de volta e ainda por cima com uma história tão bacana!