Entrevista no Psyte

 

(11/12/2006)

Chill-Art: Entrevista com Terra Patris

Otto, Marco e Thiago, todos morados do distrito de Joaquim Egídio em Campinas, são os criadores do projeto Terra Patris. Os três possuem estudos em músicas, passando por diferentes instrumentos.

O resultado sonoro do Terra Patris é uma música experimental, com presença em festas como Kaballah e Aboriginal, além dos festivais Ttranced e Cachoeira Alta.

Pela 1ª vez, o grupo está confirmando para tocar na pista alternativa do Universo Paralello. Reveillon que acontece no sul da Bahia, considerado o maior festival de arte e cultura alternativa do Brasil.

Qual o nome e função de cada um no grupo?

Otto Felix Damaceno: sopro e DJ
Instrumentos: flauta, berimbau de boca, maracás, vaso.
Produção: melodias e arranjos

Marco Aurélio Felix Damaceno: percussão
Instrumentos derbuk, djambe, maracás, didgeridoo, Bongo.
Produção: bateria e percussão.

Thiago Cury: cordas e gaita
Instrumentos: guitarra, violão, gaita.
Produção: melodias, harmonias e arranjos.

 

Quando surgiu o grupo, como foi esse encontro?

Terra Patris: Nos conhecemos desde pequeno, mais ou menos pela 6ª serie. Estudávamos no mesmo colégio. Sempre fomos amigos, mas a vontade de fazer música veio depois. Conversamos pela primeira vez sobre o projeto, em novembro de 2003. Basicamente conversávamos sobre a vontade de testar, de reinventar, das novas possibilidades contemporâneas, de ser uma banda meio analógica e meio digital.
Sempre lembramos do dia que descobrimos o infinito universo do áudio digital e de como isso se relaciona com nosso eu, com nossa mágica dificuldade de expressão, hora por ausência hora por uma cascata de sentimento e emoções.

Qual é o conceito e idéias que geram o Terra Patris?

Terra Patris: Continuamos nesse processo de identidade. Aliás, este é um processo que nunca a de chegar ao fim. O nome vem de terra pátria, lugar de todos, sem exclusão, sem fronteira, sem exatidão ou apego. Liberdade de pensar, de tentar, de querer, de ser. Queremos experimentar sons. Temos várias influências sonoras distintas, mas ao mesmo tempo, nos preocupamos em fazer sons com uma pegada emocional. Tentar chegar naquele estagio em que a pessoa pare de pensar e apenas curta o instante da vida dela. O Terra Patris quer ser a livre expressão do ser, onde resida o material, o espiritual, o emocional, e o desconhecido.O Terra Patris coexiste dentro de um universo único, e existe dentro de um universo comum.

Quais foram às festas e festivais que tocaram ...

Terra Patris: Nossa primeira apresentação foi dia 27 novembro de 2004, em uma Psyde. Se me permite, gostaria de agradecer ao DJ Gugha, que acreditou em nosso trabalho e abriu esse primeiro espaço. Após isso, nos apresentamos em festas da região de Campinas como: Peacechodelic, Aboriginal, Mistic Tribe, Enjoy... e em todas as outras edições da Kaballah e Psyde. O 1º Festival que tocamos foi no Carnaval deste ano (2006), no Ttranced. Tocar de frente para cachoeira Doregon é uma experiência única.

Já se apresentaram fora da cultura trance?

Terra Patris: Ainda não nos apresentamos fora do universo Rave. E com certeza estamos muito ansiosos por isso, mas cada experiência no seu tempo.

Como são feitas as produções e composições do grupo?

Terra Patris: No começo, quando ainda não tínhamos a idéia do caminho da produção conjunta, Marco produzia bases digitais, percussão, além de uma ou outra harmonia. Depois, produzíamos a música em cima das “lacunas”. Esse foi o jeito que encontramos para dar o Start. Com o tempo começamos a produzir arranjos que vinham da guitarra (Cury) e criávamos a levada da bateria e o resto dos arranjos no PC. Agora estamos entrando no estágio conjunto de começar as músicas a partir dos instrumentos (guitarra, Flauta e percussão). Assim que temos a harmonia e a estrutura da musica, gravamos todos os instrumentos, esquematizando o esqueleto da música no Cubase. Aí começa a parte digital, que esta mais concentrada no ritmo e nas atmosferas que só o PC pode produzir. Mas uma coisa é certa, não há formula, cada musica vem de um jeito. É incrível poder experimentar a peculiaridade de cada uma. Também gostamos de opiniões externas, o que nos faz perceber com outro olhar aquilo que estamos produzindo.

Qual a formação musical de cada um?

Terra Patris: Otto Felix, 26, começou a tocar como DJ aos 13 anos, aos 17 passou a estudar violão e aos 25 flauta. Marco, 24, começou a estudar bateria aos 14, aos 18 violão e aos 20 começou a aprender áudio digital. Cury(26) iniciou seus estudos na gaita e piano aos 10, mais tarde aos 17 passou a estudar guitarra.

Qual é a previsão do primeiro cd?

Terra Patris: As músicas estão fluindo, faz pouco tempo que começamos a perceber em nossas produções, características nossas, pessoais. De certa forma isso construiu uma linha mais sólida. Provavelmente até 2007 teremos músicas suficientes que represente o conceito e as características construídas pela banda. Estamos trabalhando para isso. Mas não temos pressa, queremos primeiro construir um ótimo trabalho. Para nós, isso vai alem da musica. Temos uma vontade de construir todos os detalhes, encarte, capa, etc. Tudo feito por nós, reflexo de nossa arte, de nossa vida.

Qual a opinião do grupo, sobre o chill out em termos de estrutura, divergências e importância?

Terra Patris: Há 6 anos freqüentamos as festas e festivais. O chill out está presente em todas aquelas das quais tem alma. O Chill sempre foi palco de manifestações artísticas, culturais e extra-sensoriais. Lugar de encontro, onde centelha a chama ideológica, onde se faz presente a magia, acima do propósito. Infelizmente ele está sendo deixado de lado por vários organizadores e por novos freqüentadores das raves de psytrance. Temos observado também certo modismo, em relação ao som dentro do chill. O que obriga os Djs a abandonarem a diversidade de estilos musicais dentro do espaço. Sem falar do pouco caso encontrado em algumas festas, que restringem o chill a um mero lugar de descanso, disponibilizando equipamentos ruins, que prejudicam a todos. Outra observação é que em algumas festas, o chill esta virando pista de house. Tema um pouco polêmico e extenso para discutirmos aqui. Mas acreditamos no potencial cultural e artístico desse ambiente. Acreditamos também na diversidade que este espaço proporciona, na alternativa e na reflexão que nele se encontra. No convívio e nas conversas deste aconchegante e irreverente meio, que é o chill out.