Trip Piauí & Maranhão - Dias 20 & 21 - Entrando nos Lençóis Maranhenses - Santo Amaro (MA)

Já sabíamos que o dia #20 da viagem nos reservava muita aventura. Finalmente vamos conhecer os tão famosos Lençóis Maranhenses! E vamos começar em grande estilo, no lado oposto e mais desconhecido dos Lençóis: Santo Amaro do Maranhão.

O município fica localizado no meio das dunas dos Grandes Lençóis, mas, devido ao difícil acesso, não é o mais visitado. O lado mais turístico dos Lençóis sempre inicia na cidade de Barreirinhas, mais preparada para o turismo e acessível com veículos sem tração. Mas sempre ouvimos falar muito sobre as belezas de Santo Amaro e como a rusticidade do local ainda preservava as tradições locais. Aliás, sabia que a maior parte do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses pertence à cidade?

Pesquisamos mais um pouco sobre o roteiro antes da nossa saída da Pousada dos Guarimãs em Morros. Não tem erro: basta pegar a estrada pavimentada MA-402 sentido Barreirinhas, até o povoado Sangue. De lá, não tem alternativa se não enfrentar o areial que leva até Santo Amaro. São cerca de 36 km entre a estrada (existe uma placa sinalizando a entrada) e a vila no meio dos Lençóis. Parece que as conduções coletivas que vão até Santo Amaro partem deste ponto, mas sem horários muito regrados.

 

Chegando em Santo Amaro

Logo na entrada para o trecho, paramos em uma casa para pedir informações e acabamos conseguindo seguir um caminhão que estava indo para lá. Foi nossa sorte! O trecho (parece) não ter muitas bifurcações, mas a areia fofa em quase todo o caminho torna a possibilidade de atolar ainda maior. Em um momento, tivemos que pedir ajuda, mas o Jimny desatolou rápido com a ajuda dos motoristas do caminhão. O mais perigoso, no entanto, eram as passagens nas poças d'água da chuva. Como não conhecíamos o caminho, não dá pra saber qual é a melhor rota (e mais segura) para passar. Mais uma vez obrigada aos nossos guias do caminhão! Se não fosse por eles, acho que teríamos levado um dia inteiro para chegar!

Chegando a Santo Amaro, nos despedimos dos nossos guias (ou seriam anjos?) e eles indicaram que deveríamos passar para o outro lado do rio Grande, que corta o município. Parecia simples né? Mas não, porque estamos no meio do Parque e não há ponte ou balsa para atravessar o rio. Ficamos como barata tonta passando de um lado para o outro na beira do rio, tentando adivinhar por onde daria para passar. Alguns banhistas tentaram nos indicar, mas ficamos muito inseguros e resolvemos procurar outro lugar mais firme para passar. Por sorte de novo (ainda bem que somos sortudos!) encontramos uma ambulância que estava passando para o outro lado do rio. Seguimos a rota da ambulância, desviando das áreas mais fundas e conseguimos passar. Ufa! Primeira observação importante para os aventureiros de 4x4: PROCURE UM GUIA, NÃO TENTE CHEGAR A SANTO AMARO SOZINHO! Não vale a pena a economia. Escutamos e lemos na internet sobre planos de melhorar o acesso pela estrada de Sangue, até encontramos algumas obras inacabadas no caminho, como uma ponte e uma produção de asfalto. Mas segundo informações, as obras estão paradas a algum tempo, sem previsão de retorno.

Do outro lado do rio, uma surpresa: parte da cidade é calçada com paralelepípedos. o que facilita bastante o deslocamento dentro da vila. Por aqui, só vemos Toyotas, Bandeirantes, Jeeps e quadriciclos. Não tem como um carro de passeio chegar aqui (mesmo).

Logo que encontramos um restaurante, fomos direto almoçar. Optamos por uma das barracas na beira do rio para comer e tomar uma cerveja depois do stress da viagem. Comemos uma comida simples, mas deliciosa e muito barata (cerca de R$ 20 para duas pessoas, muito bem servido).

 

Passeios em Santo Amaro

Depois do almoço, fomos encontrar com o guia Tourinho, para saber mais sobre Santo Amaro e os passeios. Muito simpático, nos mostrou todos os passeios da área. Ficamos impressionados com a quantidade de lagoas para visitar na região: Andorinha, Murici e Betânia, fora as outras milhares de lagoas espalhadas pelas dunas (são tantas que nem dá pra lembrar todos os nomes), todas cheias nessa época do ano pós-chuva. A cidade de Santo Amaro é o limite do Parque Nacional, praticamente seu quintal, por isso dá pra visitar várias lagoas a pé. Não somente pela pouca distância, mas também por uma restrição do IBAMA para a circulação de veículos motorizados nas dunas do Parque. Mais uma vez, não se aventure sozinho: a noção de distâncias e caminhos nas dunas é bem diferente do que estamos acostumados e você pode facilmente se perder. Contrate um guia local e contribua com a população local!

Realmente, Santo Amaro é a parte mais rica e interessante dos Lençóis, uma pena que poucas pessoas consigam chegar aqui para ver as dunas e lagoas. Por outro lado, essa dificuldade de acesso ajuda a manter o local preservado.

O passeio mais famoso da área, a visita ao povoado da Queimada dos Britos, uma comunidade de 12 famílias que vive isolada no meio do Parque Nacional, também permitido somente a pé, o que já limita muito a quantidade de visitantes. Somente os nativos podem fazer o percurso de carro de acordo com suas necessidades. A caminhada, que dura 3 dias e sai do povoado de Atins com destino a Santo Amaro (a favor da direção do vento), é feita com calma, nos horários em que o sol ainda não nasceu. São duas paradas para dormir no caminho, em acomodações muito simples, os famosos redários, na casa de nativos que moram ali desde sempre. Ficamos com muita vontade de fazer o percurso (mesmo contra o vento), mas infelizmente não tivemos tempo dessa vez. Mas já está nos nossos planos voltar e fazer a travessia!

 

Onde ficar em Santo Amaro

Optamos por ficar uma noite na pousada Cajueiro e outra na pousada Água Doce. Ambas ficam em frente ao Rio Grande, na mesma rua a apenas alguns metros de distância.

Quando chegamos, optamos pela Pousada Cajueiro logo de cara. A pousada é simples, mas arrumadinha e com os quartos bem equipados com TV, ar condicionado e chuveiro quente. Mas a falta de internet no local (parece que por um problema da Oi) fez com que na segunda noite mudássemos de pousada para a Água Doce, que havia sido indicada por um hóspede do Terra Patris. A pousada parece menos ajeitada por fora do que realmente é quando entramos. Os quartos são espaçosos, também equipados (com ar e chuveiro quente) e o valor da diária é mais em conta. A internet funciona só no restaurante, mas o clima é tão agradável por ali que não faz falta a internet no quarto. Aliás, o restaurante também é uma boa opção para o jantar (veja mais informações no item Onde Comer a seguir).

 

Onde Comer em Santo Amaro

Durante o dia, geralmente você vai almoçar em alguma comunidade próxima dos passeios. Mas prepare-se para encontrar praticamente apenas um prato disponível no cardápio: galinha caipira com arroz, feijão e macarrão. Coma sem medo: todas que comemos (e foram muitas) estavam deliciosas.

Á noite, procuramos lugares mais legais para jantar e encontramos algumas opções. Na primeira noite, escolhemos o restaurante Sol de Amaro, na mesma rua das Pousadas Cajueiro e Água Doce. Cheio de detalhes na decoração e com atendimento simpático, o restaurante tem cardápio bem típico  e regional: comemos a carne de bode ao molho de leite de coco e estava delicioso. Foi nossa primeira vez comendo bode e nos surpreendeu. Na segunda noite, aproveitamos para jantar no restaurante da Pousada Água Doce e provar o famoso camarão gigante de Santo Amaro. É uma espécie de camarão de água doce, que é pescado no encontro do rio com o mar. E é gigante mesmo, vale muito a pena mesmo com o preço um pouco mais alto. Eles fazem o camarão aberto, como uma lagosta, grelhado com alho. Dizem que antigamente havia muitos camarões deste tipo aqui, mas como a procura tem aumentado muito, é cada vez mais raro, mesmo em Santo Amaro. Se encontrar em algum restaurante aqui, não deixe de experimentar!

 

Depois de dois dias intensos em Santo Amaro, agora é descanso. Amanhã tem viagem rumo a Barreirinhas e muito areial pela frente!