Dia de seguir viagem sempre é um misto de ansiedade e aventura. Ainda mais estando no meio do nada, com tanta areia (e água) em volta, a ansiedade bate ainda mais. Mas para isso nos preparamos: sempre perguntamos na pousada sobre o caminho, se é melhor encontrar um guia, pegamos dicas... Dessa vez não foi diferente. Acordamos para o café da manhã na Pousada Água Doce e conversamos sobre nossos projetos e sobre a Rota das Emoções com a Lucimar (dona da pousada). Muito simpática, a conversa foi longe e quase perdemos a hora de ir. Por pouco não nos arrependemos de ter que ir embora, depois de saber outras tantas atrações que poderíamos visitar em Santo Amaro. Mas estamos no final da viagem e ainda temos Barreirinhas e Atins para visitar. Vamos embora com vontade de explorar mais!
Aventura na saida de Santo Amaro
Já na saída de Santo Amaro, nos deparamos com nossa primeira aventura: atravessar o rio. Lembra quando chegamos que foi super difícil encontrar o caminho? Na volta não seria diferente. Por sorte, um motoqueiro que estava abastecendo no posto nos indicou o caminho e chegamos bem do outro lado. Mas sem a dica dele, acho que estaríamos lá até hoje. Ele mesmo nos deu a dica de como seguir viagem para Sangue e disse que não teríamos problemas. Nos despedimos e pegamos a “estrada” de areia.
No início parecia estarmos no caminho certo. Estava com o mapa no Google Maps aberto (*) e parecia que seguíamos no rumo de Sangue. Mas, de repente, o cenário começou a mudar. Os caminhos iam ficando mais estreitos, áreas com areia muito fofa ou áreas alagadas mais profundas, que não pareciam estar no nosso roteiro da ida. Mas não havia para quem perguntar. Não achávamos ninguém na estrada. Foi quando começamos a nos preocupar e questionar se estávamos no caminho certo. No Google, parecia que rumávamos a Oeste e não a Sul, como deveria ser. Só tivemos a certeza de estarmos perdidos quando encontramos uma casa com uma senhora na porta, que nos informou que estávamos seguindo para outro lugar. Nervosos e cansados, não tínhamos alternativa senão retornar pelo mesmo caminho que havia sido tão difícil de superar. Na volta, as passagens pareciam cada vez mais difíceis de transpor. Houve momentos em que tive que descer do carro e procurar a pé o melhor lugar para passar em segurança, de tanta água que tinha.
(*) Dica: use o app da Google Maps nas suas viagens. Com o GPS ele localiza onde você está e assim você consegue se assegurar de estar no rumo certo, mesmo que não tenha a estrada cadastrada no Google.
Não sabemos ao certo por quanto tempo ficamos perdidos, nem quanto tempo levamos para voltar todo o caminho. Estávamos tão concentrados na aventura e no medo de algo acontecer ali, no meio do nada, que o tempo voou. Quando nos deparamos com uma caminhonete D20 vindo no sentido contrário, foi como avistar um resgate. Começamos a buzinar e dar sinal com o farol, até que ele parou. Perguntamos se estava indo para Sangue e se poderíamos segui-lo. Como todos que encontramos por aqui, foram super solícitos. Aliás, essa é uma das vantagens de viajar por aqui, TODO mundo ajuda. Da sua maneira, mas TODO mundo ajuda se você está em um momento de dificuldade.
Seguimos a D20 (que é um dos transportes de linha disponível entre Santo Amaro e Sangue) e definitivamente, eles salvaram nossa viagem. Passamos por muitos trechos alagados (mais do que estava quando chegamos), onde dava pra ver que até o motorista acostumado com a estrada se perdia um pouco. Depois de 1h30 de viagem chegamos sãos e salvos em Sangue, graças aos nossos amigos da D20.
Quando você está dirigindo sem um guia em uma estrada de areia, fica tão atento ao que está na sua frente que não olha os lados. E as alternativas e outros caminhos estão ali, mas você só enxerga uma ou outra estrada. Parece fácil quando você está seguindo alguém. Mas sem o guia na frente, as oportunidades de estrada se abrem. E nessa a gente quase se perdeu e feio. De novo: NÃO TENTE SE AVENTURAR NOS LENÇÓIS MARANHENSES SEM GUIA! Nem a pé, nem de carro. Simplesmente não vale a pena a economia.
Depois de Sangue, o caminho volta a ser pavimentado na MA-420 até Barreirinhas. Então foi tranquilo! Depois de cerca de 40 minutos, chegamos à cidade. Nossa primeira impressão: um susto. A cidade é muito maior do que esperávamos! Tudo bem que já sabíamos que Barreirinhas era a principal porta de entrada para os Lençóis Maranhenses, mas ainda tínhamos a impressão que encontraríamos uma vila mais pé na areia, na beira do Rio Preguiças, cheia de turistas. Os turistas estavam lá sim! Mas em ruas pavimentadas, cheias de carros e empresas de turismo, vendendo passeios por todos os lados. Logo vimos que não aguentaríamos ficar muito tempo por aqui. Mas já era tarde, depois de tanta aventura na estrada de Santo Amaro a Sangue, então tínhamos que procurar um lugar para ficar uma noite.
A beira rio é um dos lugares mais agradáveis da cidade, então fomos direto para lá. A rua de paralelepípedos com o Rio Preguiças ao fundo tem uma vista incrível, mas não há hotéis ou pousadas ali, somente restaurantes. Aproveitamos então para almoçar no Restaurante Canoa. Com clima agradável e cardápio variado, o restaurante fica no segundo andar de uma casa e tem a vista para a orla e o rio. Descansamos da aventura com uma cerveja gelada e seguimos em busca de uma hospedagem por uma noite. Nosso plano é ir para Atins amanhã, já que estava tarde para seguir viagem.
Depois de procurar um pouco, acabamos ficando no Hotel Beira Rio, no final da rua que segue até a orla. O hotel é bem simples, meio antigo, mas o valor estava ótimo para dormir apenas uma noite. Conhecemos o dono do hotel e já aproveitamos para marcar o passeio do Rio Preguiças, com destino final em Atins para amanhã cedo. Ele também nos ajudou com o estacionamento do carro: por R$ 10 por dia, combinamos de deixar nosso carro na garagem coberta do hotel, enquanto não retornamos de Atins. Existe a possibilidade de ir para Atins de carro, mas é necessário guia e vontade de aventura, pois o caminho é bem arenoso e no momento estava bem alagado em alguns pontos. Decidimos deixar o Jimny descansar depois de tanto esforço e também aproveitar para já conhecer o Rio Preguiças, Caburé e Vassouras.
À noite, fomos caminhando até a orla da Beira Rio para procurar um local para jantar. Optamos pelo Restaurante e Pizzaria Barlavento, que era o mais animado. A orla é tomada por mesas dos restaurantes, que ainda disponibilizam música ao vivo (um músico para todos os restaurantes, mas funciona muito bem!). O atendimento foi muito bom, comemos uma peixada maranhense maravilhosa. E amanhã é dia de acordar cedo de novo. Empolgados para conhecer Atins!