Acordamos bem cedo, para pegar o café logo no começo e partir para conhecer o Parque Nacional da Chapada das Mesas. Tudo bem que já estamos a dois dias visitando as cachoeiras da região de Riachão e Carolina, mas todas as quedas que conhecemos estavam em áreas fora do parque. Para o tour de hoje, já não é possível sair sem guia. Então seguimos para a agência Torre da Lua, onde já havíamos marcado o passeio para hoje.
A ideia inicial era seguir com nosso Jimny atrás de outro carro da agência, que estava com o mesmo passeio já agendado. Mas chegando lá, depois de conversar com o marido da Cinthia, Agnaldo, acabamos optando por ir no mesmo carro da agência. Além de ainda ter duas vagas no carro, Agnaldo comentou que a distância percorrida dentro do parque para chegar nas cachoeiras é grande, o que poderia ser mais cansativo para nós. Também foi uma boa para poupar o Jimny da estrada de areia e do uso do 4x4 por muito tempo.
Agendando o passeio
Conhecemos então nosso guia e motorista para o passeio, o Hélio. Ele é natural de Carolina e sabe tudo sobre o parque, além de ser muito simpático. Se for a Carolina na agência Torre da Lua, não deixe de solicitar ele como seu guia! Também conhecemos os nossos companheiros de passeio, o carioca Maurício e a paranaense Sônia, ambos estavam viajando sozinhos e também estão na Pousada dos Candeeiros (a Sônia mochileira se hospedou no Hostel do mesmo dono, logo ao lado da pousada). (*) O valor do passeio (em carro da agência) fica por R$ 150 por pessoa. Caso vá com seu carro, o valor do guia oscila entre R$ 120 e R$ 150 por dia. Valores em 2015.
Pé na estrada
A primeira parte do passeio é estrada. Pegamos a estrada sentido Imperatriz, em direção à entrada do parque. Quando passamos pelo Portal, nos surpreendemos, pois não há nenhuma indicação. O Portal é uma formação rochosa mesmo e não há nenhuma cancela, nem vigia. Estranhamos tudo isso, pois até no PN da Serra das Confusões havia uma pequena estrutura delimitando a área do parque. Perguntamos ao Hélio, que disse que ainda há muitas famílias vivendo nos limites do parque, o que impede a implantação de uma área de controle de acesso. Outro motivo pelo qual não dá pra ir sem guia: não tem nenhuma indicação em nenhum momento. Há várias estradas que bifurcam e se aventurar sem guia é se perder na certa!
Logo percebemos que foi uma boa deixar o carro para trás. O começo do passeio é só estrada. Em alguns momentos há uma parada para observar as pedras, mas a grande maior parte do tempo ficamos sacolejando no carro. Quando chegamos na casa de um senhor, o responsável por cuidar da área da Cachoeira do Prata, fazemos nossa primeira parada. Foram cerca de 2 horas de viagem após a saída de Carolina para chegar até aqui. De entrada, paga-se R$ 5 por pessoa (não está incluído no valor do passeio pela agência). Aliás, esta é uma prática comum aqui na Chapada das Mesas: como as cachoeiras estão localizadas em áreas particulares, sempre é necessário pagar um valor para o dono da terra. Há um banheiro para os visitantes e também um cafezinho. Reservando antes, também é possível almoçar uma galinha caipira.
As cachoeiras
Caminhamos menos de 200 metros e já chegamos a uma das vistas da Cachoeira do Prata. A queda, muito forte e cheia, não permite o banho nesta época pós chuvas. Mas, segundo o Hélio, na época da seca dá pra entrar em alguns pontos. Depois seguimos em uma rápida trilha, que dá acesso a parte mais próxima da queda, onde pudemos ver a grandiosidade da cachoeira. Algumas fotos depois, já temos que partir. Até a próxima cachoeira, do São Romão, são mais 40 km de areia. O passeio não permite descanso, é bem corrido mesmo.
No meio do caminho, o Hélio parou em uma corredeira, onde tomamos um banho da água límpida da Chapada. Foi um bom ânimo para seguir na viagem.
Muita estrada depois, chegamos na área da Cachoeira do São Romão. Da mesma maneira que na Cachoeira da Prata, a área abriga uma casa de um casal, que ali vive com seus filhos. O fluxo de turistas ajuda nas despesas: o casal é responsável pelo restaurante, onde a refeição deve ser agendada com antecedência (agendamos com a agência antes de sair de Carolina). Uma taxa de R$ 10 por pessoa é cobrada para visitar a cachoeira.
Antes de almoçar, ainda dá tempo de ver a cachoeira do lado superior: uma pequena trilha leva até uma área onde é possível tirar as primeiras fotos. Depois do almoço (uma deliciosa galinha caipira com diversos acompanhamentos), uma parada para o descanso antes de conhecer a cachoeira pela parte inferior.
Descemos a trilha sentido a cachoeira. Depois de uns 5-10 minutos de caminhada leve, chegamos à uma prainha e avistamos a cachoeira de baixo. Com um fluxo ainda maior que a cachoeira do Prata, a Cachoeira do São Romão impressiona pela largura do véu. Devido à formação rochosa por baixo da queda, é possível caminhar e conhecer a cachoeira praticamente por dentro. Galerias escondidas pela força das águas permitem visualizar um espetáculo da natureza. Os mais corajosos entraram até a galeria mais funda, mas a visão já no início também já é deslumbrante. A força da água é tanta, que intimida. Ficamos ali por um tempo, para depois voltarmos à parte mais calma da prainha para curtir o fim do passeio.
No fim do dia...
Mais uma vez agradecemos por não estarmos de carro. Quase 45 km de estrada de areia nos aguardam na volta a Carolina. Cansados depois de um dia intenso, a melhor coisa foi estar tranquilos no banco do passageiro. Ainda vimos um lindo pôr do sol na estrada, finalizando o dia com chave de ouro.
Chegando na Pousada dos Candeeiros, nos animamos a sair para jantar. Essa foi outra decepção em Carolina: até existe uma área de restaurantes próxima à praça, mas nada de mais entre eles. Acabamos jantando no mesmo local que entregou a pizza pra gente na pousada ontem. Na volta, caminhando pela rua da pousada (aliás, a rua mais charmosa de Carolina, próxima ao rio e com as construções históricas), vislumbramos a rua totalmente remodelada em alguns anos: restaurantes, barzinhos, pousadas... Uma verdade área turística. Quem sabe depois da visita do Globo Repórter(*)?
(*) Em diversas ocasiões da nossa estadia em Carolina, escutamos o pessoal comentar sobre a equipe de reportagem do Globo Repórter da TV Globo, que está de viagem marcada para conhecer e documentar a Chapada das Mesas em Junho. A esperança de muitos é que esta exposição traga o enfoque necessário para o turismo na região decolar. Nós só podemos esperar o mesmo! A Chapada merece uma estrutura mais preparada para receber o turista!