Dia de madrugar para conhecer o Parque Nacional da Serra da Capivara! Café da manhã reforçado no hotel e disposição para a caminhada e dia que segue!
O Parque Nacional da Serra da Capivara
O parque nacional da Serra da Capivara é um patrimônio cultural da humanidade, segundo a Unesco, e o maior museu arqueológico a céu aberto das Américas. Muito da nossa atual história foi comprovado com as escavações e pesquisas realizadas no parque, idealizado por Niéde Gidon, a arqueóloga brasileira (de descendência francesa) responsável pela organização impecável do parque. Sério, não dá pra entender como aqui não vive cheio de turistas. Uma aula de história da humanidade passando por paisagens incriveis, diferentes de tudo o que já havíamos visto.
Tudo bem é dificil de chegar. Mas geralmente os lugares mais escondidos são os que valem mais a pena. Vai por nós: vale cada km rodado. E esqueça aquelas histórias que as estradas do Nordeste são terríveis (praticamente todas que andamos estavam reformadas e quase sem movimento), que tudo é um sertão seco e sem vida, que é perigoso... Nesta viagem dismitificamos vários mitos e preconceitos que nós mesmos tínhamos com relação ao Piauí.
Conhecendo o Parque
Para entrar no parque, é necessário estar acompanhado de um guia (R$ 120 por dia), estar de carro (caso não tenha, um táxi cobrará entre R$ 150 e R$ 250 para acompanhá-lo no passeio) e pagar uma taxa de R$ 14 por pessoa (estudantes também pagam meia aqui). De São Raimundo até a entrada principal (são quatro) do Parque são cerca de 20 km.
Começamos o passeio pelo Desfiladeiro (30km de São Raimundo) a parte mais distante de São Raimundo pela BR-020. Parte do percurso e feita de carro, com paradas nas atrações (sítios) escolhidas com seu guia.
São muitas espalhadas pelo parque e se você quiser conhecer tudo, separe pelo menos 20 dias e um carro 4x4 a disposição, pois são mais de 180 sítios acessíveis para visitantes (importante ressaltar que sempre acompanhado de um guia credenciado). Ao todo são mais de 1.700 sítios catalogados.
Os primeiros sítios arqueológicos (manhã)
Nós pedimos para caminhar pesado, então fizemos os primeiros e mais conhecidos sítios da área, como a Toca da Entrada do Pajaú, Toca do Barro e Inferno. A maioria destes nomes foi dada pelos maçarimbeiros, pessoas que viviam da extração da seiva de uma árvore e usavam estas tocas para efetuar seus trabalhos.
Nas duas primeiras, vimos muitas inscrições rupestres, desenhos que possivelmente relatavam os costumes dos homens que habitaram ali, cerca de 12.000 anos atrás. Já o Inferno é uma enorme fenda em uma pedra que forma um caminho de difícil acesso, que leva a uma queda d'água (hoje vazia por conta da seca). Incrível.
Logo após entramos na parte hard do percurso - Baixão das Vacas (antigamente eram criadas vacas ali, aproveitando a fenda do baixão - ou desfiladeiro com fim). Começamos por baixo, em meio às árvores e depois fomos subindo pelas pedras. A paisagem é indescritível. Sempre passando por diferentes sítios arqueológicos e uma infinidade de pinturas. No final do baixão, descemos pelas rochas e voltamos pela mata.
Parada estratégica para o almoço
Depois desta manhã (fizemos muito rápido o percurso, que pode levar um dia todo), fomos para o Albergue Serra da Capivara, onde estávamos com o almoço reservado. Chegando lá, uma surpresa - o local, além de ser super legal, no meio da serra, é também uma pousada e a fábrica de cerâmicas e camisetas. O almoço muito bom, self service sem balança, a preço justíssimo (R$ 18 por pessoa). Resolvemos que amanhã mudaremos do Hotel Real para cá.
Conhecemos a dona (Girlene - checar no cartão de visitas) e ela nos mostrou os quartos, conversou um pouco sobre o processo de cadastro do albergue da juventude e nos apresentou a fábrica de cerâmica. Conversamos ainda sobre os desafios de promover o turismo no Piauí. Fechamos a chegada pro dia seguinte.
A área mais conhecida do Parque (tarde)
Corremos para o Baixão da Pedra Furada, a parte mais famosa (e acessível, inclusive a cadeirantes) do Parque. Mais uma chuva de uaus.
As tocas são próximas e é possivel visitar quase tudo a pé. O mais inacreditável é a Vista Panorâmica. Só vendo a foto pra entender. E quando chegamos à Pedra Furada... Uau uau uau. Muito maior do que imaginávamos. Sabe a Pedra Furada de Jeri: Então, aumenta ela pra 15 metros de diâmetro do furo. É surreal de tão grande. E linda.
Terminamos o rolê com o Baixão das Andorinhas, já na Serra Vermelha, lado oposto do parque. Não conseguimos ver as andorinhas, que descem em bando os 70 m do baixão, para dormirem protegidas. O espetáculo acontece todos os dias no final da tarde, mas chegamos às 17h20 e elas já haviam descido...
Mas ainda assim o visual é incrível e também abriga um dos sítios descobertos recentemente, em 2012, por acidente. Durante uma filmagem, um dos fotógrafos deixou cair um de seus equipamentos e o guia desceu de rapel para recuperar a peça. Chegando lá, uma surpresa: diversas pinturas rupestres da fase Geométrica, que são encontradas na sua maioria na Serra Branca, outra área do Parque. Hoje, há uma escada adaptada para os turistas verem as pinturas deste sítio.
O melhor de todo o passeio: fizemos todo o roteiro só nós dois e a guia Cida, 19 anos de experiência no parque. Silêncio total e exclusividade do Parque pra nós.
Agora estamos no hotel, tomando coragem pra sair pra comer depois de um dia cansativo. E amanhã tem mais aventura: combinamos com o guia Nestor, do Sítio do Mocó, uma caminhada na trilha mais radical do parque.
Aprendizados: o guia deve ser escolhido com o percurso que você decidir fazer. Nem todos os guias fazem todos os percursos, seja por condições físicas ou até mesmo conhecimento do caminho. O Parque é visitável por todos os tipos de turista, inclusive crianças, adolescentes, idosos, grupos e cadeirantes. Converse com seu guia antes dos passeios e alinhe suas expectativas.