Acordamos um pouco mais tarde (nem tanto, pois o café do hotel termina às 9 horas... Estamos mesmo mal acostumados com os serviços que prestamos na pousada!) e ficamos pesquisando o que fazer em São Raimundo sem ser o parque. Os passeios para o parque costumam sair cedo, já que o guia cobra pela diária. Resolvemos tirar o dia para visitar o Museu do Homem Americano, que fica em São Raimundo mesmo, próximo à universidade.
Visita à loja de Cerâmica Serra da Capivara
Antes de ir ao museu, passamos na loja da Cerâmica Capivara, famosa pelas cerâmicas feitas com as inscrições rupestres encontradas no Parque. As cerâmicas são super famosas, até mais que o parque! É possível encontrar as peças aqui e também nas lojas do supermercado Pão de Açúcar e da loja de decoração Tok&Stok. Demos uma olhada, já pensando em itens para complementar a decoração da pousada.
O Museu do Homem Americano (Fundham)
Para chegar ao museu, foi um pouco confuso. Apesar de até então a sinalização ter sido muito útil, para chegar ao museu não havia nenhuma placa. Usamos mais uma vez o GPS do Google Maps e conseguimos chegar. Se você for pra lá, não se assuste com o acesso. Saindo do centro da cidade de São Raimundo, sentido rotatória que liga as estradas, acesse uma das ruas de terra (bem esburacadas) à direita. Quase chegando no museu há uma placa indicativa. Outra dica é seguir as orientações para a universidade, que fica próxima do museu.
Chegando no museu, fomos surpreendidos pela falta de turistas. Era um sábado e não tinha ninguém! Apesar de ser próximo do horário do almoço, esperávamos ao menos encontrar pessoas saindo do museu. Mas nada. Foi o primeiro sinal que a Serra da Capivara não é valorizada como merece.
Após pagar uma taxa de entrada (R$ 14 inteira, estudantes pagam meia) entramos no Museu vazio. Logo na entrada já entendemos as críticas que havíamos lido: realmente o museu é muito organizado e pensado, diferente da maioria dos museus que estamos acostumados a visitar no Brasil. Na primeira ala, a história descrita com base nas escavações realizadas na Serra da Capivara pela equipe da arqueóloga brasileira Niéde Guidon.
Nos surpreendemos em ler que parte da história que estamos acostumados a ouvir e aprender na escola ainda não leva em conta as atuais descobertas feitas em solo piauiense. Por exemplo, nos lembramos das aulas de história que contavam que os nossos primeiros ancestrais chegaram à América vindos da África e Europa pelo Estreito de Behringer. Segundo as descobertas feitas por aqui, há vestígios de vida humana nas Américas há mais de 50.000 anos, podendo chegar até 100.000 anos. Mas, como os americanos não querem reconhecer que as teorias que tanto disseminam a anos estão erradas, vivemos sem saber da preciosidade que esconde nosso estado. Niede, que além de ter encabeçado as escavações no Piauí é a idealizadora e maior lutadora pela preservação do Parque, brigou por muitos anos para que os pesquisadores americanos viessem visitar a Serra da Capivara. Eles nunca vieram.
Na segunda ala, mais surpresas: o museu passa a ficar interativo. São diversas telas onde se pode ver com mais detalhes os sítios já catalogados (são mais de 1.800, sendo cerca de 170 abertos à visitação), as pinturas encontradas, os instrumentos e ossadas localizados. Também há um grande telão, com um filme de imagens passando ininterruptamente.
A terceira ala fica em um nível superior (acessível inclusive a cadeirantes por uma cadeira elétrica na escada) e abriga mais objetos e peças de cerâmica encontradas das mais diversas épocas (porém mais recentes). Um dos pontos fortes do museu é que não é necessário guias, pois todas as alas são autoexplicativas.
Depois de cerca de duas horas explorando o museu, saímos mais empolgados ainda para conhecer o Parque. Ainda andamos um pouco em volta do museu e encontramos uma sede onde os pesquisadores trabalham, mas, por ser sábado, não havia ninguém, só duas araras que foram resgatadas de vendedores de animais silvestres.
Ah, na saída do museu também tem uma outra lojinha da cerâmica da Serra da Capivara. Os preços entre as lojas são padronizados, mas parece que há promoções maiores na fábrica, que fica mais próxima ao Parque.
Passando a tarde em São Raimundo Nonato
Depois dessa aula de história, era hora de almoçar. Como já era tarde, conseguimos almoçar na beira do Rio Piauí (que já não existe a 10 anos nesta área, pois está completamente seco), no restaurante O Chicão, uma churrascaria. Voltamos para o hotel e descansamos pelo resto da tarde.
A noite, ainda aproveitamos para experimentar a pizza de carneiro da Pizzaria do Paulinho, apesar de não estarmos com tanta fome, os reviews eram muito bons e fomos provar! Voltamos cedo, pois amanhã encontramos com o guia às 7h30 para começar a explorar o Parque!