Quer dia mais polêmico que domingo? Tem gente que ama: pode ser pra ficar dormindo até mais tarde depois da farra de sábado, pra encontrar a família no tradicional almoço de domingo, ou ainda pra curtir o finzinho do final de semana, na preguiça mesmo ou até com um cineminha. Antes eu era categórica: odiava o dia de domingo! Se acordava cedo, era mau humor porque não tinha dormido bem; se acordava tarde, era mau humor porque tinha disperdiçado parte do dia dormindo. Nunca conseguia chegar a um consenso e meu domingo sempre começava com o pé esquerdo, não importava a maneira como começava. Claro que grande parte do mau humor não era porque era domingo e sim porque o dia seguinte ao domingo é a segunda-feira. Essa monstrinha que todo mundo odeia por unanimidade (ou quase?).
Segunda-feira pra mim sempre foi uma tortura. Na escola, era a aula de história, sempre às segundas (e eu odiava história!). Quando estava na faculdade, não sei porque, segunda-feira sempre tinha a primeira aula (7h30 da manhã). E quase sempre um professor chato que fazia a chamada às 7h31, ou seja, atrasos intoleráveis. Depois, quando começou a labuta, era dia de acordar mais cedo e ir trabalhar. Quando comecei a trabalhar em Taubaté, era dia de acordar ainda mais cedo, já que eu passava o final de semana em Campinas. Quando conseguia uma carona era até tranquilo, mas o fardo maior foi a época que ia de ônibus, que levava mais tempo ainda e demandava muita, muita paciência. Comprei um carro achando que resolveria meus problemas, mas não: continuava tendo que acordar às 5h30, pegar estrada sozinha, com sono, com raiva desse dia que, pra melhorar, ainda não passava. Então a minha depressão de domingo era resultado da expectativa horrenda que eu tinha da segunda-feira.
Sempre tentava fazer alguma coisa no domingo que me fizesse esquecer que era domingo. Mas tudo me lembrava: era a fila do cinema, os restaurantes lotados do meio dia às 3 da tarde, o comércio fechado, a padaria cheia de gente tomando café da manhã... E a preguiça? Ela nunca deixava esquecer que era domingo...
Mas é incrível como as percepções mudam. Hoje, morando em Barra Grande, domingo é uma grande farra. Domingo é o dia de folga! Ou melhor definindo, é o dia que não abrimos a loja à noite. Ou seja, é um dia que dá pra ir pra praia mais cedo, fazer kite, comer açaí e salada na Barraca da Miloca, curtir até o sol se pôr, sem preocupações com o horário. E aí, de noite, dá pra escolher fazer aquele jantarzinho caprichado (afinal é domingo!) ou encontrar os amigos e tomar uma cervejinha (afinal, segunda-feira é um dia mais tranquilo). Não tem mais aquela pressão de TER que acordar, TER que fazer isso, TER que fazer aquilo. Agora na segunda, dá pra acordar com calma, espreguiçar bastante, prolongar o passeio com os cachorros na praia, tomar café da manhã curtindo a brisa...
Só fui me dar conta disso no último domingo. O sol já se punha no horizonte, o vento batia forte, a maré baixa. Naquele momento, falei sem pensar: “Como eu AMO domingo!”. E foi aí que me despedí da raiva e do rancor desse dia tão lindo, que nos permite descansar e curtir a vida, independente do que virá na segunda.