O lado ruim da distância

Quanta coisa se passou nestes últimos 14 meses! Quando me dei conta, já era passado. Mais do que na hora de fazer um balanço da jornada. E quer melhor maneira do que ler o nosso diário de bordo? Passei os últimos dias lendo os posts antigos do blog, até para me inspirar e retornar com gás a deixar esse espaço mais atualizado e interessante. E foi muito bom relembrar deste nosso último ano cheio de aventuras! Percebi que (quase) sempre retratamos a mudança e todas as confusões e contra-tempos com muito bom humor e positividade. Não que tenha sido errado, acho de verdade que foi a melhor atitude que pudemos tomar para conseguir seguir em frente. Mas senti falta de um post que mostrasse que nem tudo são flores, principalmente quando a gente decide trocar o “certo pelo incerto”.

Este é um post para falar do lado ruim da distância. Sim, Barra Grande é longe, o acesso é difícil, o custo para ir e vir é um pouco alto se não houver um planejamento antes da viagem. Ou seja, sair de Barra Grande (ou melhor, do Piauí) é difícil para nós. Não só porque temos que enfrentar as coisas que tentamos fugir quando nos mudamos (como trânsito, violência, correria, falta de contato com a natureza), mas porque demanda muitas outras coisas. Além de tudo, tem a pousada e é difícil prevermos quando vamos ter hóspedes. Muitas vezes eles surgem quando a gente menos imagina e estar aqui é primordial para conseguir manter os padrões que estamos criando para a pousada. Parece que não, mas é trabalho agora!

Agora imaginem como ficamos divididos quando surgem eventos em São Paulo que gostaríamos de estar presentes? Como casamentos por exemplo! Já tivemos que deixar de ir a pelo menos 5 casamentos de amigos queridos. E o motivo principal sempre foi a distância. Posso afirmar isso porque se o evento fosse em Parnaíba ou Teresina, com certeza teríamos conseguido ir. Mas não deu... E que saibam os amigos: nesses dias pensamos em vocês sim e adoramos ver as fotos depois! Apesar de ficar aquela dorzinha de não estar em um momento tão importante da vida de vocês, estaremos sempre presentes em pensamento!

Na contramão dos casamentos e outros eventos do tipo estão as situações mais delicadas, como doenças e falecimentos. Em menos de um ano, infelizmente passei por isso, com a morte inesperada do meu pai. É muito frustrante querer estar perto e não conseguir, de novo pelo mesmo motivo, a distância. Consegui chegar a tempo para o velório e o enterro, mas gostaria muito de ter conseguido chegar antes. Mais uma vez não deu... E nessas horas, a gente fica triste mesmo, triste de não estar presente quando a gente queria, triste de estar longe e de não poder fazer nada. E ao mesmo tempo revoltado com o fato de existir um aeroporto pronto para operar em Parnaíba e não ter vôo que ligue nem o nada pra lugar nenhum. Com certeza se houvessem os acessos mais facilitados, a gente não sofreria tanto em momentos como esse.

É muito chato estar longe quando a gente gostaria de estar perto. Acho que a situação ideal seria que todos aqueles que a gente gosta estivessem morando em Barra Grande ou pelo menos num raio de 500 km. Assim, com qualquer saudade que surgisse, a gente poderia ter a liberdade de sair correndo e, em poucas horas, estar perto.

Quando falavam que éramos corajosos, juro que não entendia e não concordava, achava que nada tinha a ver com coragem. Hoje consigo reconhecer o quanto fomos guerreiros e fortes em aceitar, enfrentar e passar por tudo isso, mesmo estando tão longe. E ainda seguir firme na decisão e resolver continuar em frente, mesmo com a distância e toda a saudade que ela gera.